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Ioga, pôr-do-sol e rota dos mexilhões a bordo de um cúter bateeiro que navega pela ria de Aldán

MARÍA SALGADO / TRASLATION: MARCOS RANDULFE

VEN A GALICIA

Embarcar no «O que faltaba», uma nave de madeira de 1987, para descobrir à volta de vinte praias e enseadas de águas cristalinas entre faros, grutas e bateias, com vistas para as ilhas Ons e Cíes

28 ago 2023 . Actualizado a las 19:46 h.

Que não lhe escape o verão sem navegar. Navegar entre bateias de mexilhões até Punta Couso, na foz da ria de Aldán, onde se encontra um faro e uma gruta marinha, e ver a ilha de Ons ao fundo e o pôr-do-sol sobre o oceano Atlântico. Esta é uma das rotas que faz «O que faltaba», um cúter ou barco bateeiro de 14 metros de comprimento, que desde há cinco anos se dedica ao turismo marinheiro. «Gosto de divulgar a cultura da pesca. Faço a rota do mexilhão e do pôr-do-sol. Também fazemos excursões que combinam pôr-do-sol e ioga a bordo», diz o capitão, Fito Dacosta.

Foi o pai quem batizou este barco auxiliar de bateias no ano 1987, quando saiu do estaleiro da carpintaria de ribeira de Domaio, em Moaña. «O casco é de madeira de carvalho e pinho, embora tenha reforço de metal, e o motor é da Eduardo Barreiros. Dedicou-se ao mexilhão a partir daí e até 2015, quando vendemos as bateias», explica.

«O que faltaba» estava destinado ao desmantelamento porque agora usam-se barcos de ferro e fibra para os trabalhos no mar e não tinha venda, mas o Fito, para quem este cúter tem um grande valor sentimental, decidiu restaurá-lo. «Tem capacidade para onze pessoas; é perfeito para mostrar aos turistas a ria e a produção do mexilhão, para organizar algumas festas, para a pesca e o mergulho», garante o capitão, que passou da pesca ao turismo, e reconhece que, quando trabalhava na bateia, não podia imaginar que a sua vida ia mudar tanto. «Estou muito contente com o meu trabalho. A parte mais bonita é divulgar a nossa forma de viver com as artes de pesca. Se pagares cinco euros por um quilo de mexilhões em Madrid, quero que saibas como foi produzido», diz.

Mais de metade dos seus clientes são galegos, gente de aqui que organiza festas de aniversário, despedidas e festas familiares, ou que alugam o barco para passar o dia. «O resto é turismo principalmente nacional, embora a rota do mexilhão seja feita sobretudo por Galegos, Catalães, Madrilenhos e Ingleses. O turismo internacional ronda os 10 %», calcula Dacosta.

A rota do mexilhão parte do porto de Aldán, sulca a costa da freguesia de O Hío, passando por praias e grutas, sai um pouco da ria para ver as ilhas Cíes e Ons, a Costa da vela e Cabo do Home, e passa entre bateias. «Explico o processo de produção do mexilhão, ofereço uma degustação destes moluscos e de Alvarinho, e ponho música galega ao chegar ao porto. Se virmos algum bateeiro a fazer algum trabalho, algum navalleiro a apanhar navalhas ou alguém a apanhar armadilhas com polvo, paro um pouco mais», diz. 

A saída do pôr-do-sol dura aproximadamente duas horas. Às nove da noite saem do porto, atravessam a ria e chegam até à sua entrada para ver como se põe o sol atrás da ilha de Ons, e entre Ons e Cíes. «Depois voltamos para o interior da ria, vendo pela popa o anoitecer e pela proa, a noite escura. É uma mudança bonita. E fazemos uma degustação de mexilhões, Alvarinho e pão», indica o capitão. Também há grupos que querem ficar a ver as estrelas, as perseidas ou o mar de ardora. «Eu adapto-me porque depois, em outubro é raro o telefone tocar. A temporada alta é entre a Páscoa e setembro. O barco serve para tudo, desde sessões de fotografia de moda até rodar uma publicidade para a marca de laticínios Celta», diz Dacosta, orgulhoso.

A rota do ioga é uma inovação deste verão. «Saímos do porto, procuramos um sítio tranquilo para ancorar e a aula dura entre 40 e 45 minutos. Depois navegamos para fora, para ver o pôr-do-sol e fazemos uma degustação de Alvarinho e mexilhões», explica Dacosta, que diz que o convés é muito espaçoso para as aulas de ioga, dadas por um professora de Vigo.

Em Aldán não há porto desportivo nem molhe, o que obriga o Fito a ir remando de bote até ao barco, que deixa ancorado no meio da ria de Aldán. Uma ria de águas cristalinas, que esconde mais de vinte praias e enseadas que quase desaparecem com a maré alta.