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Martín Barreiro, meteorologista: «Este verão vamos fazer o Caminho com as crianças, com pouca bagagem e à aventura»

MARÍA SALGADO / TRASLATION: MARCOS RANDULFE

VEN A GALICIA

Martín Barreiro, en la playa de Aguieira, en el ayuntamiento de Porto do Son
Martín Barreiro, en la playa de Aguieira, en el ayuntamiento de Porto do Son

«A praia de Nemiña é um lugar incrível, selvagem e impressionante; de tirar a respiração», confessa Martín, de Lugo e homem do tempo da TVE que continua em recuperação após uma intervenção de hérnia de disco

09 ago 2023 . Actualizado a las 18:09 h.

Não há nuvem que faça sombra à sua amabilidade. O nosso cicerone da Gallaecia do mês de junho é o físico e meteorologista galego Martín Barreiro (Lugo, 1977). Pai, surfista e ainda em recuperação após uma intervenção de hérnia de disco, este homem do tempo com rabo de cavalo já voltou aos palcos da Televisão Espanhola, mas de olhar posto no verão que vai passar na Galiza, mostrando aos filhos as suas praias e aldeias preferidas e fazendo com eles o Caminho de Santiago «com pouca bagagem». Gosta de cozinhar e de comer, adora polvo «á feira» e qualquer tipo de marisco, e prometeu ao Pepe Vieira visitar o seu restaurante. Da aldeia dos sogros, em Arzúa, onde costuma passar o verão, escapa para fazer surf em família nos areais de Ladeira, Corrubedo, Castro de Baroña e As Furnas, embora uma das suas praias preferidas seja a de Nemiña. «É um lugar incrível, selvagem e impressionante; de tirar a respiração», garante o homem de Lugo, com alma compostelana, que faz parte dos Galegos super queridos.

— Como é que estás? Já recuperado após a operação de hérnia discal?

— Sim, ainda tenho de fazer reabilitação. Não posso fazer muito esforços, mas tenho de ir fazendo mais exercício pouco a pouco para reforçar a zona lombar. 

— Durante esta fase de baixa, as pessoas mandaram-te muitas mensagens de apoio através das redes sociais.

— Sim, muitas mesmo, foi incrível. Surpreendeu-me, não estava à espera de tanto carinho nem de uma resposta tão impressionante. Além disso, nota-se que é uma coisa que afeta muita gente e há empatia. 

— Quais são os teu planos para o verão?

— Vou até à Galiza. Estarei a maior parte do tempo na Galiza porque me apetece muito. Também iremos a Portugal porque vamos todos os anos. O médico recomendou-me fazer exercício e vamos, portanto, fazer percursos pela costa e no interior. Além disso, quero mostrar ao meus filhos lugares que não conhecem. Os meus filhos passam o verão todo na Galiza.

— Só uma pergunta de meteorologia: Que verão nos espera na Galiza?

— (Ri-se). Sabes que as previsões a longo prazo não são muito acertadas, mas as anomalias indicam que vai ser um verão mais quente do que a média e mais húmido do que no Mediterrâneo. Na Galiza vai ser bastante normal, se calhar mais quente.

— Quais são as tuas praias favoritas, as que mais te agradam, as mais espetaculares?

— É difícil, porque gosto de muitas praias. Costumo passar o verão numa pequena aldeia perto de Arzúa e costumamos ir vários dias à praia de Ladeira, a Vilar de Corrubedo, a Castro de Baroña, a As Furnas. A ria de Muros e Noia é a minha ria. Já lá ia fazer surf quando vivia em Santiago, e continuo a ir agora com as crianças para surfar. É uma zona da que gostamos muito, tanto a minha companheira como eu. Espiñeirido, Seráns, Queiruga... essas praias são as que visitamos o verão todo. Às vezes fazemos excursões a outras zonas como Nemiña, Soesto e outras praias da Costa da Morte. Há uma praia meio secreta, nem sei como é que se chama, e à qual um amigo meu pôs o nome de praia Do Ceo porque é uma língua de areia que sobe até à encosta de uma montanha. Digamos que fica perto do cemitério dos Ingleses. 

— Esplanadas com vistas que recomendarias?

— Embora eu seja de Lugo, Santiago é uma cidade muito mágica e especial porque vivi lá, tenho lá casa e todos os meus amigos. Gosto muito de passear por Bonaval e a zona antiga. Qualquer esplanada na praça de A Quintana me acalma. Parece-me um sítio onde felizmente as coisas não mudam nada. Lá voltar e ver tudo quase como estava dá-me essa paz que se procura depois da agitação do dia-a-dia. Também gostamos muito do bar de surfistas da praia da Ladeira. Às vezes acabamos lá o dia para ver o pôr-do-sol. 

— Algum sítio especialmente bom para comer?

— Prometi ao Pepe Vieira que este verão ia visitar o restaurante dele. Está muito comprometido com o produto de proximidade, com a sustentabilidade e é um homem muito criativo. Também gostava de voltar ao Fogar de Santiso, em Santiago, porque era um sítio muito tradicional que se transformou completamente e faz uma cozinha de produto próprio, que cuida e trabalha e que me fascinou.

— Qual é o teu prato preferido?

— Tenho vários, gosto muito de cozinhar e de comer. O polvo "á feira" parece-me fascinante e qualquer marisco, pela forma como se respeita o produto, e a dificuldade e simplicidade que representa ao mesmo tempo. Vamos muito ao restaurante de polvo Esmorga, em Monterroso. De facto, queremos levar as crianças a festas populares como a do polvo.

— Ia precisamente perguntar-te sobre as festas galegas que procuras não perder.

— A do polvo em O Carballiño, a de Carril, a da empada. Agora tenho um hábito com os meus amigos que é de combinar um fim de semana no verão para ir a alguma festa. Estivemos na do Alvarinho, na do Malpica, e na Maruxaina de San Cibrao. Lembrava-me dessa festa quando era pequeno, fiquei impressionado, e agora havia quase demasiada gente. Para mim, a minha festa de infância era o São Froilán de Lugo, é a festa da minha vida, da minha família, dos meus amigos. A ideia é descobrir mais festas com as crianças.

— Uma aldeia inesquecível onde passar o verão?

— Agora passamos o verão nessa aldeia perto de Arzúa porque lá estão os meus sogros e a minha mulher tem lá uma casinha de aldeia. Como sítios que redescobri, gosto muito da Ribeira Sacra. Mostrei aos meus filhos, ficaram fascinados e vamos lá voltar. A aldeia dos meus avós, Folgoso do Courel, é incrível, embora infelizmente tenha ardido. É um sítio espetacular e há aldeias, como Froxán, que parecem saídas de um conto.

— Um lugar romântico?

— Um anoitecer na praia de As Furnas.

— Que sítios mostrarias aos teus amigos não galegos?

— Levava-os ver a muralha de Lugo, Santiago e Nemiña. Lembro-me da primeira vez em que fui a Nemiña fazer surf. Disse-me um amigo: vou levar-te a uma praia, vais ficar impressionado. Há umas ligeiras curvas antes de chegar a Nemiña e vêem-se campos verdes, verdes, verdes. E de repente, desse verde profundo passa-se a ver o brilho do sol no mar e uma baia gigante e espetacular. É um sítio incrível, selvagem e impressionante; de tirar a respiração.

— Onde gostavas de te reformar?

— Sempre pensei reformar-me na Galiza; gostava de viver um pouco de um lado para o outro entre a praia e o interior, mas ultimamente estou a ficar fã de serra e de neve. Fico então assim indeciso entre a Galiza e a sua costa, e alguma montanha selvagem da Europa, para sonhar um pouco, que não custa nada.

— Fizeste Caminho de Santiago?

— Fiz quando era pequeno e este verão vamos fazer com as crianças. Ainda não sabemos que rota, porque o Caminho francês está abarrotado. Queremos ir com pouca bagagem e à aventura.